Tenho aprendido a enxergar o mundo e extrair da vida com o "olhar", coisas e momentos interessantes, e em um olhar sobre o aparador da sala, visualizei nossas alianças de casamento, e pertinho delas, o cordãozinho com um pingente de Menininho que ganhei. Peguei a câmera e registrei, naquele momento me vieram lembranças, fiquei olhando aquele simples pingente, e vi Emanuel entranhando em nosso meio. Fiquei ali lembrando como tudo mudou depois da confirmação que era um menino quem estava chegando, em minutos revivi aquele dia, as horas não passavam e pra completar, no caminho, o carro estourou uma mangueira, vazou toda a água e a única coisa que eu pensava era em chegar no consultório no horário. Larguei o carro na rua, corri, fui fazer a ficha e quando vou na bolsa, cadê o dinheiro do exame? Voltei correndo no carro pra pegar,cheguei no consultório quase parindo "literalmente", estávamos, eu, minha mãe, a Dinda e Brendinha, minha sobrinha, naquele dia Zaca trabalhou até tarde, me lembro do sentimento que estava dentro de mim, confesso que não era totalmente o melhor sentimento, era, muito confuso, havia a certeza dentro de mim que era meu menino, mas eu precisava de provas digamos "ténicas" pra comprovar que meu instinto não estava errado e que sim, eu era capaz de gerar um menino para o marido apaixonado por coisas de menino, queria mais por ele do que por mim, amaria esse serzinho, independente de quem fosse, mas gerar o Emanuel virou questão de honra, não sei se alguém me entende, mas ouvi palavras desagradáveis e vi em alguns olhos o desejo que o sonho do marido não fosse totalmente realizado. Quando a médica confirmou, o coração foi a mil por hora, quanto orgulho, voltei de lá toda metida, a notícia pro papai foi por telefone mesmo, ele disse que já sabia, que a certeza já estava dentro dele! Naquele momento, tudo o que vinha na mente era azul, carrinhos, bicicletas, bolas, senti até cheiro de terra, Emanuel montado no lombo da Nina, sabe? Coisas de menino? Boné, bermuda e pezinho num Havaianas, como o papai, cabelinho desgrenhado e cacheado, aquele jeito menino de ser!
Confesso que teve momentos que me senti como as mulheres de décadas atrás, quando era honra dar ao marido um "Filho-Homem", e a pura verdade é essa, me sinto honrada em ser mãe de menino, de ter dois meninos em casa e de poder dedicar minha vida a eles. Ver os olhos do Zaca brilhando, a voz tão doce já ensinando pro nosso filho o que o aguarda, me enche de felicidade. Vê-lo fazendo planos que algumas vezes não me cabem, porque "são coisas de meninos", me fazem ter ainda mais certeza, que Emanuel é o melhor de Deus pra nossa família!
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